sexta-feira, 13 de outubro de 2017



Castelo de São João de Arade - Ferragudo, Lagoa, Algarve (Portugal).


As origens do Castelo de São João de Arade (ou de Ferragudo, como também é conhecido) remontam ao domínio filipino e à extrema necessidade sentida pelo governo ibérico em defender convenientemente as costas da península dos ataques de piratas e corsários ao serviço das coroas do Norte europeu. Nessas primeiras décadas do século XVII, todavia, não se chegou a edificar a fortaleza, indecisos os poderes entre a margem esquerda e a defesa activa de Vila Nova de Portimão, do lado direito. Alexandre Massaii foi adepto desta última localização, pelo que o projecto do lado de Ferragudo, defendido pela Câmara de Silves, teve de aguardar mais algum tempo até ser iniciado (COUTINHO, 1997, p.119).
Coube ao governo da Restauração da Independência nacional colocar em marcha o projecto de edificação da fortaleza. Numa conjuntura em que era imperioso defender a linha de costa de eventuais ataques espanhóis, D. João IV nomeou Francisco da Costa Barros para capitão deste forte logo em 1644 (2 de Maio), o que mostra como a sua edificação e operacionalidade eram fundamentais para o sistema defensivo do Barlavento algarvio. A localização estratégica deste verdadeiro castelo fez com que, desde o início, a sua vocação fosse muito para além da militar. Local de controlo privilegiado na foz do Arade, com capacidade de tiro sobre a barra de Portimão, por aqui passavam também todas as embarcações que entravam e saíam do rio, facto que levou a que a fortaleza desempenhasse o papel de registo aduaneiro de todo o tráfego fluvial que demandava Silves e saía daquela cidade.
Apesar destas inegáveis mais-valias, a história do castelo de Arade foi a de um lento e inexorável abandono, que culminou, em 1896, com a sua venda em hasta pública. Sem obras assinaláveis ao longo do século XX, o conjunto mantém-se praticamente inalterado e aguarda ainda por um rigoroso estudo monográfico que contribua para colocar esta fortaleza no papel cimeiro que certamente merece, no contexto da defesa de época moderna do Barlavento algarvio.
Em 1821, ainda estava em actividade, havendo referência desse ano ao funcionamento de duas baterias na zona mais alta do castelo, munidas de canhoeiras. A estrutura do forte não é de fácil identificação, embora seja de presumir que, na origem, os diversos patamares tenham servido para implementação das baterias de fogo. A construção obedeceu a um princípio básico: a extrema verticalidade da estrutura, como forma de abranger uma maior área de visibilidade e de tiro, mas também a de marcar, ao longe, a sua imponente silhueta. É, precisamente, este o valor principal da fortaleza hoje em dia. Adaptada a residência de veraneio, encontra-se, na actualidade, praticamente abandonada, tendo a Junta de Freguesia de Ferragugo já envidado esforços no sentido de a transformar em pólo cultural.
[Fonte: PAF- DGPC, IP].



Foto de Joe Daniel Price.

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